Após os devastadores incêndios de agosto, a comunidade da Benfeita, no concelho de Arganil, mobilizou-se para promover uma mudança na estratégia florestal da região. Com um forte espírito de resiliência, os cidadãos defendem a reflorestação com espécies autóctones e reforçam as equipas de autoproteção, num exemplo de ação cívica e consciência ambiental. A comunidade, composta por cerca de 200 pessoas, entre nacionais e estrangeiros, já tinha uma estrutura organizada desde os incêndios de 2017, através da associação ARBOR (Associação da Região de Benfeita para Objetivos Regenerativos). Esta organização tem vindo a promover ações de reflorestação e, de forma crucial, criou três equipas de autoproteção equipadas com carrinhas e tanques, cuja ação foi fundamental para salvar várias habitações durante os fogos mais recentes.
“Estamos contentes por vermos que as equipas funcionaram.
Além disso, a comunidade mobilizou-se no seu todo”, afirmou Bárbara Sá, presidente da ARBOR.
A luta desta comunidade vai além da resposta imediata ao fogo; é uma defesa por uma nova visão para o interior, que combata as “vastas monoculturas de eucalipto e pinheiro” e priorize “a reflorestação com espécies nativas e a biodiversidade”.
Inês Moura, residente na região há 11 anos, sublinha que “a exploração do interior tem de parar nos moldes em que está a acontecer”.
Apesar de parte do trabalho de reflorestação ter sido perdido, a tragédia reforçou a convicção da comunidade no caminho a seguir, esbatendo diferenças culturais e unindo ainda mais os residentes em torno de um objetivo comum: cuidar e proteger os vales para o futuro.
Em resumoA comunidade da Benfeita, em Arganil, respondeu à adversidade dos incêndios com uma notável demonstração de união e proatividade. Através da associação ARBOR, criada após os fogos de 2017, os residentes, nacionais e estrangeiros, não só combateram as chamas com as suas próprias equipas de autoproteção, como intensificaram a sua luta por uma nova política florestal. A sua defesa pela reflorestação com espécies autóctones, em detrimento das monoculturas, representa um movimento cívico inspirador que procura transformar uma tragédia numa oportunidade para um futuro mais sustentável e resiliente.