Esta iniciativa destaca-se pelo notável envolvimento cívico e pela sua importância na conservação de uma espécie icónica do arquipélago.

Há 30 anos que a campanha SOS Cagarro mobiliza cidadãos, associações e entidades governamentais nos Açores para uma missão crucial: salvar os cagarros juvenis durante os seus primeiros voos.

A iniciativa, que decorre anualmente entre o final de outubro e meados de novembro, visa mitigar o impacto da poluição luminosa, que desorienta as aves e as faz cair em zonas urbanas, onde ficam vulneráveis. O sucesso da campanha é notável, com mais de 100 mil aves resgatadas desde a sua criação em 1995, um testemunho do forte espírito comunitário da região.

Como explicou Rui Martins, diretor regional de Políticas Marítimas, o cagarro é uma "ave icónica a nível regional", pois "75% nidifica nos Açores e regressa às nossas ilhas todos os anos".

A campanha aposta fortemente na "ação cidadã", sensibilizando a população para o valor desta ave.

O método é simples e eficaz: são disponibilizadas caixas em cerca de 74 postos de recolha, como esquadras da PSP, quartéis de bombeiros e juntas de freguesia, onde os cidadãos podem deixar as aves encontradas. As brigadas dos Parques Naturais de Ilha recolhem-nas diariamente para serem pesadas, anilhadas e, por fim, libertadas em segurança junto ao mar.

O sucesso varia anualmente, com anos de menor resgate, como 2012 com 1.800 aves, e picos como 2022 com cerca de dez mil.

Em 2024, foram salvas quase 6.400 aves.

Este esforço conjunto não só garante a sobrevivência de milhares de cagarros a cada ano, mas também fortalece a ligação da comunidade à sua herança natural, transformando a conservação numa responsabilidade partilhada.