Esta distinção representa um momento histórico para a região e para Portugal, validando o valor cultural de uma embarcação única e do saber-fazer dos seus mestres construtores.
A decisão, anunciada em Nova Deli, na Índia, foi recebida com grande entusiasmo pelos autarcas da região.
O presidente da Câmara de Aveiro, Luís Souto, considerou-o “um momento histórico para a região de Aveiro e para Portugal”, enquanto Januário Cunha, presidente da Câmara da Murtosa, expressou um “profundíssimo sentimento de orgulho”. O processo, promovido pela Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro (CIRA), une 11 municípios e envolve mestres construtores, pintores e entidades culturais.
O reconhecimento internacional valida o moliceiro como uma “expressão singular da nossa identidade”, fruto do talento de gerações.
No entanto, a distinção acarreta grandes responsabilidades.
Como sublinhou José Eduardo Matos, secretário executivo da CIRA, “o grande trabalho, havendo a classificação, será o plano de salvaguarda”.
Este plano é crucial para combater as ameaças à sobrevivência desta arte, como o desaparecimento progressivo dos mestres carpinteiros e a pouca transmissão intergeracional do conhecimento.
Atualmente, subsistem apenas cerca de 50 embarcações, metade das quais afetas ao turismo, um número drasticamente inferior aos três mil barcos registados na década de 1970.
A ironia do destino quis que, no mesmo dia do anúncio, um moliceiro se afundasse na Costa Nova devido ao mau tempo, um lembrete da fragilidade deste património.
A esperança é que a visibilidade acrescida da UNESCO traga mais visitantes e reforce a urgência de implementar medidas eficazes, como a formação de novos aprendizes, para que esta arte não se perca.









