A análise económica sugere que os apoios europeus podem não estar a beneficiar primariamente os agricultores. Uma análise aprofundada da PAC argumenta que a política, que representa um terço do orçamento da UE, beneficia desproporcionalmente os setores da transformação e da distribuição em detrimento dos produtores. Ao garantir pagamentos diretos, a PAC permite que os grandes compradores pressionem os preços para baixo, partindo do princípio de que a remuneração do agricultor já está parcialmente assegurada pelo Estado.

Esta distorção, segundo o artigo, impede um reequilíbrio do poder negocial e mantém o produtor numa posição frágil e dependente.

Este cenário macroeconómico reflete-se nos desafios práticos enfrentados no terreno.

Um artigo sobre a cultura do melão destaca a "forte concorrência espanhola, o aumento dos custos de produção e as dificuldades de escoamento" como obstáculos marcantes. Outro exemplo é a crescente dificuldade com a gestão da água, que leva agricultores na zona de Abrantes a trocar culturas tradicionais como o milho por alternativas como o cânhamo, que necessitam de menos água, embora as dificuldades persistam. Estes exemplos práticos ilustram a pressão económica e ambiental sobre os agricultores, que, apesar de se tornarem mais eficientes, lutam para manter as suas margens financeiras, validando a tese de que o valor acrescentado na cadeia agroalimentar está a ser capturado por outros intervenientes.