Este movimento é impulsionado por um conjunto de fatores macroeconómicos e geopolíticos que reforçam o seu estatuto como principal ativo de refúgio para os investidores.

A valorização do metal precioso, que já ultrapassa os 46% desde o início do ano, posiciona 2025 para ser o seu melhor ano desde 1979.

A recente escalada levou a cotação a um recorde de quase 3.900 dólares no início de outubro, com uma subida de 11,92% apenas em setembro. Analistas de mercado atribuem este ‘boom’ a uma confluência de fatores. Nicolás López, do Singular Bank, destaca as compras massivas por parte de bancos centrais, especialmente de mercados emergentes, que procuram reduzir a sua exposição ao dólar. Paralelamente, a fraqueza da própria moeda norte-americana, que segundo o Deutsche Bank está a perder “o seu estatuto de moeda de elevado rendimento”, cria um ambiente favorável para o ouro, que mantém uma correlação historicamente inversa com o dólar.

A instabilidade geopolítica é outro pilar desta subida.

Pedro del Pozo, da Mutualidad de la Abogacía, afirma que a procura pelo ouro reflete “o medo em relação à guerra das tarifas alfandegárias, à guerra na Ucrânia ou ao conflito em Gaza”.

Esta perceção é partilhada por analistas do Bank of America, que elevaram o preço-alvo para 4.000 dólares, citando as tensões globais e a pressão inflacionista.

Adicionalmente, as expectativas de novos cortes nas taxas de juro pela Reserva Federal dos EUA, conforme apontado pelo Julius Baer, tornaram-se um “fator-chave”, impulsionando a procura tanto por ouro como por prata.

A prata também beneficiou deste contexto, com uma subida superior a 60%, aproximando-se do seu melhor desempenho anual desde 2010.