Esta disparidade é alimentada por uma cultura financeira avessa ao risco e por um ecossistema empresarial menos dinâmico na Europa.

Dados recentes mostram que a Nvidia lidera o ranking global com uma capitalização de 4,25 triliões de dólares, seguida por gigantes tecnológicas como Microsoft e Apple, sem que nenhuma empresa europeia figure no topo da lista.

Esta realidade é sintomática de um problema mais profundo.

Na Europa, predomina uma cultura de poupança em detrimento do investimento. Mais de 30% da riqueza financeira das famílias europeias permanece em depósitos bancários de baixo rendimento, em comparação com apenas 13% nos EUA.

Esta preferência pela segurança priva as empresas europeias do capital de risco necessário para inovar e crescer.

A estrutura empresarial reforça esta divergência: enquanto nos EUA as empresas líderes mudam a cada década, refletindo a “destruição criativa”, na Europa, gigantes como Shell, Siemens ou Nestlé dominam há décadas, o que denota solidez, mas também menor dinamismo.

O mercado de Ofertas Públicas Iniciais (IPOs) ilustra esta lacuna: no primeiro semestre de 2025, os EUA registaram 109 IPOs que captaram mais de 25 mil milhões de dólares, enquanto toda a Europa somou cerca de 50 operações, no valor de apenas 5,9 mil milhões. A fragmentação regulatória e a menor liquidez dos mercados europeus resultam num custo de capital mais elevado.

Para combater este imobilismo, a Comissão Europeia propôs o programa Savings and Investment Accounts (SIA), que visa canalizar a poupança para os mercados de capitais, fomentando a literacia financeira e uma cultura de investimento.