Este desempenho contrasta com os sucessivos 'downgrades' da dívida soberana por parte das agências de 'rating', que alertam para riscos fiscais e instabilidade política.
O mercado acionista francês vive uma aparente contradição, com o seu principal índice, o CAC 40, a registar uma valorização de 9,8% desde o início do ano, ignorando os crescentes alertas sobre a saúde económica e fiscal do país.
Esta divergência é sublinhada pelas recentes ações das principais agências de 'rating': a S&P e a Fitch baixaram a notação da dívida soberana francesa, enquanto a Moody's alterou a sua perspetiva para "negativa".
As agências justificam as suas decisões com o aumento previsto da dívida pública, défices orçamentais superiores ao esperado e fragmentação política que "aumenta a incerteza" sobre a capacidade do governo para implementar reformas.
O 'head of trading' do Banco Carregosa, João Queiroz, descreve esta situação como uma "clássica divergência" entre os fundamentais macroeconómicos e a dinâmica de mercado. Segundo Queiroz, "as agências refletem riscos estruturais... quando o mercado acionista tem-se orientado por fatores de curto prazo e de liquidez, como a queda das yields, a expectativa de cortes do BCE e a expansão dos múltiplos".
A explicação para o bom desempenho do CAC 40 reside, em grande parte, no seu perfil internacional.
O analista da XTB, Vítor Madeira, assinala que as empresas do índice obtêm uma "parcela substancial" das suas receitas fora de França, pelo que "o seu desempenho tende a refletir muito mais as dinâmicas da economia global... do que propriamente a evolução das obrigações soberanas francesas".
A recuperação do índice foi também impulsionada por fluxos de investimento para ações de grande capitalização em setores como o industrial e energético.
Contudo, Queiroz adverte que o equilíbrio "é instável" e que o 'rally' é "mais financeiro do que económico".













