Esta "desversificação" acarreta riscos significativos e custos ocultos para os investidores menos experientes.
O que começou como uma forma democrática e de baixo custo para aceder a mercados diversificados está a transformar-se num veículo para especulação de alto risco. A indústria de ETF, que atingiu 18,8 biliões de dólares globalmente, assiste a uma proliferação de produtos que se afastam do princípio fundamental da diversificação. Segundo dados da Morningstar, a percentagem de fundos que seguem a ponderação por capitalização de mercado caiu de 85% em 1998 para 40% em 2024, e o número mediano de títulos num ETF de ações diminuiu de 500 para 120 no mesmo período. Esta tendência de "desversificação" concentra o risco em nichos como criptoativos ou urânio. O expoente máximo desta tendência são os ETF alavancados de ação única, que prometem retornos múltiplos sobre os movimentos diários de ações como Nvidia ou Tesla.
Estes produtos, no entanto, escondem perigos significativos.
O primeiro é o custo: para além da comissão de gestão, os custos implícitos dos swaps usados para criar alavancagem podem atingir taxas anualizadas de 15% a 20%.
O segundo é a "degradação por volatilidade", um efeito matemático que corrói os retornos a longo prazo.
Como o artigo exemplifica, uma ação que sobe 10% e depois desce 9,09% volta ao preço inicial, mas um ETF 2x alavancado sobre essa ação regista uma perda de 1,82%.
Este fenómeno é particularmente pernicioso numa "era dominada pelo imediatismo", onde investidores, muitas vezes jovens e influenciados por figuras carismáticas das redes sociais, procuram "atalhos para a riqueza" sem compreenderem os riscos.
Como adverte um dos analistas, "investir não é um jogo de sorte, mas um exercício de método, conhecimento e paciência".












