O impacto desta desconfiança foi particularmente visível na Europa, onde o índice Stoxx 600 registou o seu pior desempenho semanal desde agosto, diretamente afetado pela instabilidade em torno do setor tecnológico.

A questão central que domina o sentimento dos investidores já não é a permanência da tecnologia de inteligência artificial, mas sim a possibilidade de as bolsas sofrerem um ajuste significativo. O comentador Paulo Portas estabelece um paralelo com a "bolha da internet" de há 25 anos, sugerindo que os mercados podem estar a atravessar um período de valorização insustentável.

Vários sinais de alerta reforçam esta tese. Um deles é a venda massiva de ações da Nvidia, uma das principais impulsionadoras do 'rally' da IA, por parte de figuras de topo do mundo digital, o que pode indicar uma falta de confiança nos níveis de preços atuais. Outro sinal vem do CEO da Google, que alertou para a "irracionalidade" do mercado, uma crítica poderosa vinda de um dos líderes do setor. Adicionalmente, a estrutura do próprio mercado acionista norte-americano é motivo de preocupação: uma concentração excessiva de valor em apenas sete a dez gigantes tecnológicos, que já representam 30% do índice S&P 500. Esta dependência de um pequeno número de empresas cria uma vulnerabilidade sistémica, onde o desempenho de poucas ações pode ditar a direção de todo o mercado, aumentando o risco de uma correção abrupta caso o sentimento em relação a estas empresas se altere negativamente.