O debate sobre a sustentabilidade das elevadas avaliações no setor tecnológico domina as atenções.

O Banco Central Europeu (BCE), no seu Relatório de Estabilidade Financeira, alertou que os mercados acionistas "continuam vulneráveis a correções acentuadas devido à persistência de avaliações elevadas e à crescente concentração do mercado acionista". Esta preocupação é partilhada por outras instituições como a Reserva Federal dos EUA e o Banco de Inglaterra, que citam a euforia com a IA como um catalisador de risco. A Nvidia é o exemplo paradigmático deste fenómeno, com uma valorização de 1.000% desde o lançamento do ChatGPT, atingindo uma capitalização bolsista de 5 biliões de dólares. O índice S&P 500 negoceia a 23 vezes os lucros estimados, acima da média histórica de 18, alimentando os receios de sobrevalorização.

No entanto, a perspetiva de uma bolha é contrariada pelo desempenho financeiro sólido das empresas líderes.

A mesma Nvidia reportou um crescimento de 62% nas receitas do terceiro trimestre, superando as expectativas.

Os lucros das "Sete Magníficas" (Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla) continuam a crescer a um ritmo robusto, na ordem dos 20%.

A situação atual difere da bolha "dotcom" de 2000, pois as empresas atuais são altamente lucrativas e financiam os seus investimentos com fluxos de caixa próprios, e não com dívida. O sentimento do mercado, no entanto, permanece sensível, como evidenciado pela reação negativa ao anúncio da Microsoft de que cortou as metas de vendas de software de IA "devido à resistência dos clientes a novos produtos", o que, segundo analistas, "condiciona a empresa e impacta no sentimento de mercado".