O Ministério da Saúde emitiu um despacho que limita a prescrição de medicamentos para a diabetes da classe dos análogos GLP-1, como o Ozempic, e de sensores de monitorização da glicose, a apenas quatro especialidades médicas. A medida, que entrou em vigor a 8 de agosto, estipula que apenas médicos de endocrinologia e nutrição, medicina interna, pediatria e medicina geral e familiar podem prescrever estas terapêuticas. A decisão governamental surge em resposta às “dificuldades amplamente reconhecidas” no acesso a estes fármacos e aos relatos de uso indevido, nomeadamente do Ozempic para perda de peso, o que tem provocado ruturas de stock e prejudicado os doentes diabéticos.
O objetivo é, segundo a tutela, “regular e corrigir essas distorções, promovendo um acesso efetivo e adequado”.
No entanto, a portaria gerou forte contestação por parte de outras especialidades médicas que foram excluídas.
O Grupo Parlamentar do PS questionou a Ministra da Saúde sobre a decisão, alertando que esta pode criar um “bloqueio ao acesso a medicação necessária” e prejudicar a “abordagem multidisciplinar no tratamento da diabetes”.
Sociedades científicas, como a de Cardiologia e a de Nefrologia, também instaram o Ministério a rever a portaria, argumentando que a exclusão dos seus especialistas compromete a prevenção de eventos cardiovasculares e renais em doentes diabéticos, que frequentemente beneficiam destes medicamentos. O presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia, João Raposo, considerou a medida “tardia” e expressou dúvidas sobre a sua eficácia em facilitar o acesso aos doentes que realmente necessitam.
Em resumoO Ministério da Saúde restringiu a prescrição de certos medicamentos para a diabetes, incluindo o Ozempic, a quatro especialidades médicas para combater o uso indevido e as ruturas de stock. A medida gerou críticas do Partido Socialista e de várias sociedades médicas, que alertam para o risco de limitar o acesso a tratamentos essenciais para doentes com comorbilidades cardiovasculares e renais.