As propostas, embora com focos distintos, refletem um crescente escrutínio político sobre a resposta do Estado à crise dos fogos.<br/><br/>A iniciativa do Chega, anunciada pelo seu líder André Ventura, visa uma avaliação abrangente que se estende de 2017 até à atualidade. O partido pretende que o parlamento fiscalize "a utilização dos fundos públicos destinados ao combate aos incêndios rurais, nomeadamente os contratos de aluguer de meios aéreos", e investigue "os diversos negócios e interesses económicos que alegadamente prosperam com a perpetuação dos incêndios rurais", referindo-se a um "negócio mafioso". A proposta inclui ainda o esclarecimento da operação policial "Torre de Controlo", que investiga suspeitas de corrupção em concursos públicos do setor. Por sua vez, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, anunciou que o seu partido apresentará uma comissão de inquérito com um foco mais específico e temporalmente delimitado. A proposta bloquista visa analisar "a coordenação e os meios de combate aos incêndios florestais ocorridos no verão de 2025", procurando apurar o que se passou na gestão e na cadeia de comando durante as operações deste ano. Mariana Mortágua justificou a iniciativa afirmando que este "é o momento de maior emergência" e de se perceber como funcionaram as cadeias de comando e a alegada "desorganização no combate aos incêndios".

As duas propostas, oriundas de espectros políticos opostos, sinalizam uma forte pressão sobre a atuação do Governo e das entidades responsáveis pela proteção civil.