O Governo pretende ter o processo legislativo sobre a perda alargada de bens concluído "até ao final do ano", uma medida central na sua agenda de combate à corrupção. A Ministra da Justiça, Rita Alarcão Júdice, iniciou uma ronda de reuniões com os grupos parlamentares para discutir o anteprojeto de lei que visa reforçar os mecanismos de confisco de património obtido através de atividades criminosas. A proposta, que esteve em consulta pública durante o verão, introduz novidades significativas, como a permissão para declarar perdido a favor do Estado um bem resultante de atividade criminosa, mesmo que não se prove a ligação a um crime concreto.
Adicionalmente, prevê o confisco de bens mesmo após a prescrição dos crimes ou a morte dos arguidos. Outra vertente importante é a possibilidade de confiscar bens apreendidos no âmbito de uma investigação a organizações criminosas, mesmo sem uma condenação final, desde que o tribunal conclua que resultam de atividade ilícita.
A iniciativa já gerou reações no parlamento.
A deputada do Chega, Cristina Rodrigues, manifestou preocupação com os meios da Polícia Judiciária e os prazos de prescrição.
Por sua vez, a deputada do PCP, Paula Santos, criticou a proposta por não abordar questões como paraísos fiscais ou as "portas giratórias" entre cargos públicos e privados.
O Governo, no entanto, assegura que o diploma é equilibrado, constitucional e dará aos tribunais "mecanismos de perda eficazes e que possam ser verdadeiramente aplicados". A proposta de lei deverá ser finalizada "no prazo de um mês" para ser aprovada em Conselho de Ministros e enviada à Assembleia da República.
Em resumoO Governo está a avançar com uma reforma significativa na legislação anticorrupção, focada na perda alargada de bens. A nova lei, que se espera estar resolvida até ao final do ano, facilitará o confisco de património de origem ilícita em circunstâncias mais amplas, sendo atualmente discutida com os partidos no parlamento para garantir a sua aprovação e implementação.