O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, promulgou o diploma do Governo que autoriza a abertura de um concurso extraordinário para a colocação de cerca de 1.800 professores em zonas carenciadas. A medida, classificada como “muito urgente” pelo Chefe de Estado, visa mitigar a persistente falta de docentes que marca o arranque de mais um ano letivo. O concurso destina-se a preencher vagas em 10 Quadros de Zona Pedagógica, com um foco particular na região de Lisboa, para onde estão previstas cerca de 1.100 vagas. A região de Setúbal receberá 20% das vagas, enquanto os restantes 10% serão distribuídos pelo Alentejo e Algarve.
A promulgação presidencial, anunciada durante uma visita oficial a Berlim, acontece num contexto de grande preocupação com o estado da educação.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) alertou que o ano letivo começou com cerca de 93 mil alunos sem professor a pelo menos uma disciplina, números que, segundo o líder do PS, José Luís Carneiro, podem estar subestimados e ultrapassar os 100 mil.
O Ministro da Educação, Fernando Alexandre, assegurou que 98% das escolas terão o corpo docente completo, mas a declaração foi recebida com ceticismo pelo Presidente da República, que comentou apenas: “Vamos ver”.
A Fenprof, por sua vez, aproveitou para pedir à Provedoria de Justiça e ao Presidente que analisem a constitucionalidade da nova Agência para a Gestão do Sistema Educativo (AGSE).
Em resumoFace à crónica falta de professores, o Governo avançou com um concurso extraordinário para zonas carenciadas, medida prontamente promulgada pelo Presidente da República. Embora seja um passo para resolver problemas imediatos, sindicatos e oposição alertam que a dimensão do problema é muito maior, colocando em dúvida a eficácia da solução no arranque do novo ano letivo.