O Governo apresentou aos parceiros sociais, em sede de Concertação Social, um anteprojeto de alterações ao Código do Trabalho que inclui o regresso do banco de horas por negociação individual e direta com o trabalhador. A proposta recupera um mecanismo introduzido durante o programa de ajustamento da troika e revogado em 2019, gerando forte contestação por parte das estruturas sindicais. A medida mais controversa é a reintrodução da adesão tácita, que permite que o banco de horas individual seja aplicado caso o trabalhador não se oponha a um regulamento interno da empresa dentro de um prazo estipulado.
Este mecanismo permite aumentar o período normal de trabalho até duas horas diárias (50 horas semanais), sem os custos adicionais das horas extraordinárias, sendo o tempo compensado posteriormente.
A Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) defende a medida, argumentando que a regra atual, que presume a existência de um contrato de trabalho em certas situações de prestação de serviços, retira autonomia às partes.
Por outro lado, os sindicatos veem a proposta como um retrocesso nos direitos dos trabalhadores.
A CGTP, através de um comunicado, classifica o pacote laboral como um “manual de exploração legalizada à medida dos patrões e contra quem trabalha”, criticando o que considera ser uma cedência à pressão patronal para fragilizar a proteção laboral. A proposta abrange também o banco de horas grupal, que deixaria de exigir um referendo com voto secreto para a sua implementação.
Em resumoO Governo propôs o regresso do banco de horas individual, incluindo a polémica adesão tácita, uma medida que permite maior flexibilidade de horários para as empresas mas que é vista pelos sindicatos como um grave retrocesso nos direitos dos trabalhadores. A proposta, que recupera um mecanismo do tempo da troika, está a gerar forte oposição e promete um debate aceso na Concertação Social.