A decisão, qualificada como uma "abstenção exigente" pelo secretário-geral José Luís Carneiro, surge apesar das fortes críticas ao documento, que o partido considera "vazio" e desalinhado com as suas opções políticas.

A decisão do PS, formalizada após reuniões da Comissão Política Nacional e do grupo parlamentar, representa um momento crucial na atual legislatura, marcada por um governo minoritário da Aliança Democrática (AD).

José Luís Carneiro justificou a posição com a necessidade de "honrar a palavra dada aos portugueses, não se constituindo como um fator de instabilidade política". Esta viabilização permite ao Governo evitar uma crise política e prosseguir com a execução de fundos europeus, como o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). No entanto, o líder socialista sublinhou que "este não é o orçamento do PS", criticando-o por ser "um orçamento que, apesar de continuar a degradar as contas públicas, está esvaziado de medidas decisivas de apoio às famílias e às empresas". O ex-ministro das Finanças, Fernando Medina, partilhou da crítica, considerando que o OE2026 será "muito difícil, para não dizer quase impossível, de executar".

A posição do PS não foi isenta de contestação. O presidente do Chega, André Ventura, acusou o PS de ser um "partido vendido", afirmando que "o voto não é para ser vendido, nem cedido, nem transacionado". Ventura contrapôs a postura socialista à do seu partido, que irá "exigir e negociar o orçamento" com base em causas como a descida de impostos e a reforma do Estado. Apesar das críticas, a abstenção socialista é vista como um ato de responsabilidade que, segundo Carneiro, pode ser capitalizado pelo partido, que se afirma como uma "oposição firme, mas também construtiva e responsável".