A revisão final do PRR, entregue à Comissão Europeia, foi justificada pelo ministro Castro Almeida como um esforço para tornar o plano "mais simples, mais claro e mais orientado para resultados", garantindo que "não fica nenhum dinheiro por usar".

No entanto, a análise detalhada revela cortes significativos em setores cruciais.

Foram eliminados fundos destinados a 14.000 lugares em creches, centros de dia e lares, mais de 3.500 camas em cuidados continuados e paliativos, 18 novos centros de saúde e 235 milhões de euros para a digitalização das escolas. Adicionalmente, o Governo desistiu do financiamento de 30 milhões de euros para dois centros de instalação temporária para imigrantes. A verba total realocada, que ascende a cerca de mil milhões de euros, será transferida para o "Instrumento Financeiro para a Inovação e Competitividade", gerido pelo Banco de Fomento. Críticos descrevem este fundo como um "saco azul" que permitirá atribuir recursos a empresas com menos escrutínio e prazos de execução mais flexíveis, até 2028, contornando a data-limite de agosto de 2026 para a maioria dos projetos do PRR. O Governo alega que as alterações foram necessárias devido à impossibilidade de executar os projetos sociais dentro do prazo estipulado.