A recente aprovação de alterações à Lei da Nacionalidade, que endurece as condições de acesso e permanência para alguns imigrantes, tornou-se um ponto de forte debate político, com o Governo a defender a medida como um ato de afirmação nacional e a oposição a criticar a sua substância e retórica. A nova lei, que segundo o Governo visa alinhar a imigração com as "necessidades da economia", foi recebida com declarações assertivas por parte do executivo. O ministro da Presidência, Leitão Amaro, afirmou que com a nova lei "Portugal fica mais Portugal", uma frase que gerou reações imediatas. O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo respondeu ironicamente que "Portugal fica mais Portugal quando as grávidas não tiverem que parir na rua ou nas ambulâncias", ligando a prioridade legislativa do Governo à crise no SNS.
O também candidato João Cotrim de Figueiredo declarou-se "chocado do ponto de vista estético e do ponto de vista político" com a afirmação do ministro.
O constitucionalista Jorge Miranda expressou preocupações sobre a constitucionalidade da lei, nomeadamente a parte que permite a perda de nacionalidade para quem comete crimes graves, argumentando que viola o princípio da igualdade. Miranda defende que o Presidente da República "deve enviar para o Constitucional" o diploma para fiscalização preventiva.
O debate em torno da lei foi também o palco onde o deputado André Ventura leu nomes de crianças imigrantes, um ato que levou à abertura de um inquérito pelo Ministério Público e a um pedido de inquérito parlamentar por parte do Livre.
Em resumoA nova Lei da Nacionalidade, promovida pelo Governo, intensificou o debate sobre imigração e identidade nacional. Enquanto o executivo a enquadra como uma medida necessária, a lei enfrenta críticas de inconstitucionalidade e acusações de populismo por parte de candidatos presidenciais e especialistas, refletindo uma profunda divisão sobre o rumo das políticas migratórias em Portugal.