A proposta governamental, designada "Trabalho XXI", visa, segundo o executivo, modernizar o mercado de trabalho e aumentar a competitividade. Entre as medidas mais controversas estão a flexibilização das condições de despedimento, o alargamento dos contratos a prazo até cinco anos, o regresso do banco de horas individual e a eliminação da dispensa de trabalho noturno e ao fim de semana para trabalhadores com filhos até aos 12 anos.

As centrais sindicais classificam a reforma como um "retrocesso histórico" e um "ataque aos direitos dos trabalhadores", argumentando que esta irá agravar a precariedade e desequilibrar as relações laborais a favor do patronato.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reagiu ao anúncio da greve, considerando-a "incompreensível" e atribuindo-a a "motivações partidárias" do PS e do PCP, uma acusação que os sindicatos e os partidos visados refutaram veementemente.

Nos últimos dias, o Governo tentou uma aproximação à UGT, enviando uma nova proposta com algumas cedências, como a reposição de três dias de férias como prémio de assiduidade e a limitação dos despedimentos sem processo a empresas com menos de 50 trabalhadores. No entanto, a UGT considerou as alterações insuficientes para desconvocar a greve, com o seu secretário-geral, Mário Mourão, a afirmar que o Governo "encostou a UGT à parede" e a admitir a possibilidade de alargar a paralisação para dois dias.

O tema dominou também a pré-campanha presidencial, com vários candidatos a apelarem ao diálogo e a criticarem a inflexibilidade do Governo.