A intervenção direta do primeiro-ministro nas negociações assinala a gravidade do impasse e a tentativa de evitar a paralisação nacional.

A proposta governamental, que visa flexibilizar as relações laborais, inclui medidas como a facilitação dos despedimentos, alterações ao banco de horas e a reintrodução de um prémio de assiduidade sob a forma de dias de férias.

Estas alterações foram recebidas com forte oposição.

O PCP, pela voz do seu secretário-geral Paulo Raimundo, classificou o pacote laboral como uma “declaração de guerra aos trabalhadores”, argumentando que “escancara o caminho ao patronato”.

Em contraste, o candidato presidencial João Cotrim de Figueiredo defendeu a necessidade de flexibilidade, afirmando que “é preferível ter flexibilidade e evitar que a empresa tenha mais tarde um despedimento coletivo”.

A contestação uniu as duas maiores centrais sindicais, CGTP e UGT, na marcação de uma greve geral, algo que não acontecia desde 2013. Perante a escalada da tensão, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, chamou a si as negociações, agendando uma reunião com a UGT na tentativa de alcançar um entendimento e travar a paralisação. A ministra do Trabalho, Maria do Palma Ramalho, desvalorizou a intervenção do primeiro-ministro, considerando-a “uma reunião perfeitamente natural no âmbito de um processo negocial”.

A UGT, por sua vez, embora mantenha a porta aberta ao diálogo, já entregou o pré-aviso de greve, sinalizando que só um recuo significativo do Governo nas matérias mais polémicas poderá evitar a paralisação.