O Presidente da República vetou os decretos que alteram a Lei da Nacionalidade, uma decisão que se seguiu à declaração de inconstitucionalidade de várias normas pelo Tribunal Constitucional (TC). Este desfecho representa um revés para a maioria parlamentar de direita que aprovou a legislação e intensifica o debate sobre os limites do poder legislativo em matéria de direitos fundamentais. O TC chumbou quatro normas, incluindo a que previa a perda de nacionalidade como pena acessória para certos crimes, considerando que criaria uma categoria de “portugueses de segunda” e violaria o princípio da igualdade. A decisão do tribunal foi fundamentada na proteção de direitos consagrados na Constituição, como a proibição de privação da cidadania por motivos políticos.
O ministro da Presidência, Leitão Amaro, afirmou que o Governo considera que o TC “validou o rumo” da lei e que irá agora “trabalhar sobre as partes” contestadas.
No entanto, o debate político acendeu-se.
Durante um debate presidencial, João Cotrim de Figueiredo criticou André Ventura por querer manter um “braço-de-ferro” com o TC, defendendo que a lei deve ser corrigida para ser aprovada rapidamente. Ventura, por sua vez, declarou que “não abdica” da expulsão de quem comete crimes.
O veto presidencial obriga agora o Parlamento a reexaminar o diploma, podendo expurgar as normas inconstitucionais ou tentar confirmá-las com uma maioria de dois terços.
O episódio evidencia a tensão entre a agenda política da nova maioria e os limites impostos pelo quadro constitucional, colocando a questão da nacionalidade no centro da campanha presidencial e do futuro equilíbrio de poderes.
Em resumoO veto presidencial à Lei da Nacionalidade, motivado pela inconstitucionalidade declarada pelo TC, travou a legislação proposta pela maioria de direita. A decisão gerou um intenso debate político sobre direitos fundamentais e o equilíbrio de poderes, com o Governo a prometer rever o diploma enquanto figuras como André Ventura insistem nos seus pontos mais controversos.