O filme “Banzo”, da realizadora Margarida Cardoso, foi oficialmente selecionado como o candidato de Portugal à categoria de Melhor Filme Internacional na 98.ª edição dos Prémios da Academia Americana de Cinema. Esta escolha, resultante de uma votação dos membros da Academia Portuguesa de Cinema, coloca em destaque uma obra que mergulha no complexo legado do colonialismo português. A narrativa de “Banzo” transporta o espectador para o início do século XX, numa ilha tropical africana, onde um médico da metrópole, interpretado por Carloto Cotta, é enviado para curar um grupo de escravizados que morrem de uma profunda tristeza, diagnosticada como “banzo”.
O filme explora a violenta relação entre colonos portugueses e os negros em trabalho escravo, sendo descrito pela Academia Portuguesa de Cinema como uma “reflexão poderosa sobre identidade, dor e memória coletiva”, que se destaca pela sua “força visual e pela narrativa intimista”.
A seleção para os Óscares surge após um percurso de reconhecimento, que inclui o Prémio Árvore da Vida no festival IndieLisboa em 2024 e a escolha para representar Portugal nos prémios Goya (Espanha) e Macondo (Colômbia).
A candidatura, no entanto, não está isenta de controvérsia, dado que o ator principal, Carloto Cotta, enfrenta acusações judiciais de sequestro, agressão e violação. A lista de finalistas para a nomeação ao Óscar será anunciada a 21 de dezembro, com a cerimónia de entrega de prémios agendada para 15 de março de 2026.
Em resumoA escolha de “Banzo” para representar Portugal nos Óscares sublinha a aposta do cinema nacional em temas históricos e socialmente relevantes, abrindo um debate sobre o passado colonial. O reconhecimento prévio do filme em outros certames fortalece a sua candidatura, apesar da polémica em torno do seu protagonista.