A obra, que venceu o Prémio de Melhor Realização na secção Un Certain Regard do Festival de Cannes, destaca-se pela sua ousadia e resistência cultural.
Nascidos em Gaza em 1988, durante a primeira intifada, os irmãos Nasser cresceram sem cinemas, mas com uma paixão pelas artes que os levou a criar uma linguagem cinematográfica única. O filme recusa uma abordagem panfletária do conflito, preferindo expor o quotidiano com ironia e afeto, transformando o horror em sátira.
A narrativa segue Yahya, um estudante, e Osama, um vendedor de falafel que esconde droga na comida, dois heróis improváveis que navegam a precariedade da vida em Gaza.
O título evoca os westerns de Sergio Leone, mas o cenário é uma terra sem lei, onde checkpoints substituem duelos e o riso se torna um ato político. Os realizadores, que agora vivem na Jordânia, afirmam que o seu cinema é uma forma de "reconstruir Gaza fora de Gaza", um ato de sobrevivência e memória. O projeto, desenvolvido ao longo de dez anos, conta com coprodução de vários países, incluindo Portugal através da Ukbar Filmes e da RTP.
A crítica elogia a capacidade do filme de ser simultaneamente cómico e trágico, leve e pesado, confirmando o cinema palestiniano como uma das linguagens mais vivas e necessárias da atualidade. A obra é vista não apenas como um filme palestiniano, mas como um grande filme que resiste ao esquecimento.














