A obra mergulha nas tensões da ditadura militar brasileira, destacando um momento de renovado vigor para o cinema do país. Passado em Recife no ano de 1977, durante a ditadura militar, o filme acompanha Marcelo (Wagner Moura), um professor universitário que se muda de São Paulo para a sua cidade natal na tentativa de recomeçar a vida, mas que se vê envolvido num ambiente de segredos, espionagem e paranoia. A obra foi aclamada no Festival de Cannes, onde valeu a Moura o prémio de Melhor Ator e a Kleber Mendonça Filho o de Melhor Realização, consolidando-se como um forte candidato do Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional nos Óscares.

Wagner Moura, presente em Lisboa para a promoção do filme no âmbito do LEFFEST, destacou a importância da obra no contexto político atual, afirmando que “a cultura anda junto com a democracia” e que o cinema brasileiro atravessa um “bom momento”.

O ator sublinhou a necessidade de continuar a abordar o período da ditadura, referindo: “Eu nasci durante a ditadura, a gente continua a precisar de falar dessa época”.

A crítica elogia a minuciosa reconstituição histórica e a atmosfera de tensão subtil, onde a opressão é mais insinuada do que explícita, comparando o seu ritmo a obras de Antonioni e o suspense a Sergio Leone.

O filme é descrito como um retrato do medo e de como a vigilância e a corrupção daquele período continuam a ecoar no presente.