O filme, descrito como uma farsa negra e uma poderosa fábula política, mergulha nas complexas feridas da sociedade iraniana através de um enredo tenso e provocador.
A história começa com um incidente aparentemente banal: um homem, Eghbal, atropela um cão numa estrada escura. Este evento desencadeia o seu sequestro por Vahid, um ex-prisioneiro político que acredita reconhecer em Eghbal o seu antigo torturador.
Vahid reúne um grupo de outras vítimas do regime para confirmar a identidade do sequestrado, dando início a um intenso debate sobre justiça, vingança e a moralidade de usar os mesmos métodos dos opressores.
O filme de Panahi destaca-se pela sua abordagem intransigente e pelo realismo contundente, confrontando o espectador com o dilema entre uma vingança sumária e a manutenção de uma superioridade moral. A narrativa questiona a linha ténue que separa a vítima do carrasco e expõe as contradições de uma sociedade marcada pela repressão.
O realizador esteve em Portugal para promover o filme, sublinhando a importância do humanismo e da coragem face à opressão.
Com um final ambíguo e um efeito sonoro aterrador, "Foi Só Um Acidente" não oferece respostas fáceis, reforçando o seu estatuto como uma das obras cinematográficas mais relevantes e inquietantes do ano.













