A obra destaca-se pela sua abordagem original e poética a uma figura histórica portuguesa frequentemente esquecida.
O filme explora a história da infanta medieval D. Beatriz de Portugal (1373-1420), uma personagem preponderante na crise dinástica de 1383, mas que foi largamente “apagada pela história”. A narrativa é construída através da fabulação e do imaginário de um grupo de sete crianças, que encenam fragmentos da vida da infanta no Mosteiro de Sancti Spiritus em Toro, Espanha, onde o seu túmulo se encontra. O júri do festival, composto por Jorge António, Rita Barbosa e Tiago Bartolomeu Costa, elogiou a obra pela criação de “uma corte em miniatura que conspira e especula sobre a vida de uma pequena rainha”, descrevendo-a como “um momento de verdadeiro deslumbramento cinematográfico”. A realizadora, Maria Inês Gonçalves, sublinhou que o filme foi escrito em colaboração com as crianças, que ajudaram a criar cenas inteiras, e expressou o desejo de que o prémio desperte a curiosidade sobre esta figura histórica e sobre “aquilo que tantas vezes fica por contar”.
A vitória de “La Durmiente” num dos mais importantes festivais de cinema nacional reafirma a vitalidade do formato de curta-metragem e a emergência de novos talentos na cinematografia portuguesa.














