O MDOC – Festival Internacional de Documentário de Melgaço não terá continuidade em 2026 devido à retirada do apoio financeiro da Câmara Municipal. A organização, a cargo da associação AO NORTE, revelou que a decisão torna "inviável" a realização da 12.ª edição do evento, que dependia em cerca de 90% da verba municipal, avaliada em aproximadamente 140 mil euros. O presidente da Câmara de Melgaço, José Albano Domingues (PSD), que assumiu a liderança do município em outubro após 43 anos de poder socialista, justificou a decisão com a "situação financeira catastrófica" da autarquia. Em comunicado, detalhou que o município enfrenta um passivo de mais de 26 milhões de euros e que o custo do festival, orçado em 167 mil euros para 2026, não é comportável face a carências básicas da população em áreas como saúde e habitação. A organização do MDOC lamenta a interrupção de um projeto que, desde 2014, "projetou Melgaço no mundo e trouxe o mundo a Melgaço".
O festival afirmara-se como um ponto de encontro cultural, promovendo o debate sobre temas como a emigração e as migrações, e envolvendo diretamente a comunidade local através da criação de um arquivo fílmico e etnográfico.
Na sua mais recente edição, o evento contou com 5.946 participantes.
O Bloco de Esquerda criticou a decisão, considerando-a um "ataque à cultura" e um "retrocesso grave" para um concelho que enfrenta um acentuado despovoamento. A organização está a analisar "todas as possibilidades" para o futuro, admitindo um "possível fim" do festival caso não surjam novas fontes de financiamento.
Em resumoA suspensão do MDOC por falta de verbas municipais representa uma perda significativa para o panorama cultural de Melgaço e do documentário em Portugal. A decisão, justificada pela autarquia com graves constrangimentos financeiros, levanta um debate sobre a sustentabilidade de eventos culturais no interior do país e a priorização de investimentos públicos.