A distribuição de ajuda é marcada por ataques mortais a civis, gerando um debate aceso sobre a responsabilidade e a eficácia das operações humanitárias. A situação no enclave palestiniano é de extrema gravidade, com o Ministério da Saúde local a registar, no início de agosto, mais de 180 mortes por fome e desnutrição desde o começo do conflito, das quais mais de 90 eram crianças. A ONU declarou que mais de 2,1 milhões de pessoas enfrentam uma "situação de fome catastrófica", e uma comissão especial acusou Israel de usar a fome como arma de guerra. A violência agrava a crise, com relatos de ataques das forças israelitas contra civis que aguardam por comida. Segundo dados da ONU, entre 27 de maio e 31 de julho, 859 pessoas foram mortas perto de pontos de distribuição da Fundação Humanitária de Gaza (GHF).
As narrativas sobre a situação são diametralmente opostas.
O exército israelita confirmou a realização de lançamentos aéreos de ajuda alimentar em coordenação com vários países, mas a ONU e outras ONG consideram esta medida insuficiente e perigosa, defendendo a abertura total das passagens terrestres. Por outro lado, Israel nega a existência de fome, atribuindo a crise ao Hamas, que acusa de desviar a ajuda e vendê-la no mercado negro. O embaixador israelita em Portugal classificou as imagens de fome como "propaganda do Hamas", chegando a sugerir que as crianças em Gaza "eram magras agora" porque já sofriam de "doenças graves antes da guerra".
Esta visão é contrariada por testemunhos no terreno, como o de um psicólogo dos Médicos Sem Fronteiras, que afirma que a ajuda "não está a chegar a quem precisa porque o acesso não está a ser facilitado pelas autoridades".