Este valor representa quase metade do total de 210 mortes por desnutrição registadas no enclave desde o início da ofensiva israelita.

A situação é agravada pelo bloqueio à ajuda humanitária imposto por Israel, que controla o acesso ao território. A escassez de alimentos é tão severa que multidões desesperadas se reúnem em torno dos poucos camiões de ajuda que conseguem entrar, como os que passaram pelo corredor de Morag. Organizações humanitárias no terreno, como os Médicos Sem Fronteiras (MSF), descrevem um sistema de saúde em colapso total. Mohammed Abu Mughaisib, coordenador médico adjunto dos MSF em Gaza, afirmou: “Não há sistema de saúde em Gaza, temos de parar de dizer que o sistema de saúde em Gaza entrou em colapso, porque não existe nenhum sistema de saúde em Gaza”. Médicos palestinianos relatam estar exaustos, trabalhando dias sem comer e com dificuldade em encontrar água potável, enquanto tentam tratar um número esmagador de doentes com recursos mínimos. Rana Soba, responsável pela nutrição da Med Global no norte de Gaza, alertou para uma “fome que já está a matar silenciosamente” e um “aumento drástico e perigoso da subnutrição aguda grave em crianças com menos de cinco anos”.