A ofensiva israelita e as restrições à ajuda humanitária estão a colapsar os serviços essenciais, empurrando a população civil para uma catástrofe sem precedentes.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) reportou um “aumento alarmante” da subnutrição aguda infantil, que atingiu 13,5% em agosto, com a Cidade de Gaza a registar os piores números (19%). A diretora-executiva da UNICEF, Catherine Russell, lamentou que, com a escalada militar, “cerca de uma dezena de centros nutricionais foram obrigados a encerrar, deixando as crianças ainda mais expostas”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) também se mostrou “consternada” com as ordens de evacuação, sublinhando que o sistema de saúde, já em dificuldades, “não se pode dar ao luxo de perder nenhuma das restantes instalações”. A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, descreveu a situação como “uma situação de fome e de morte a uma escala sem precedentes”.

A crise estende-se a todos os aspetos da vida diária; sem bancos ou caixas multibanco, os habitantes são forçados a pagar elevadas comissões para obter dinheiro em numerário, um reflexo da “inexistência de soberania”.

As autoridades de Gaza já registaram 411 mortes por fome e subnutrição, incluindo 142 crianças, números que sublinham a urgência de um cessar-fogo e acesso humanitário irrestrito.