A população enfrenta fome, subnutrição aguda infantil e custos exorbitantes para fugir para zonas supostamente seguras no sul do enclave. Com a intensificação dos ataques, Israel abriu um segundo corredor de evacuação temporário, a autoestrada Salah al-Din, instando a população a deslocar-se para sul.

No entanto, a fuga é marcada pelo caos, com estradas congestionadas e preços de transporte inflacionados, que chegam a milhares de dólares, tornando a deslocação impossível para muitas famílias. A UNICEF alertou para o impacto devastador sobre as crianças, com mais de 10.000 a sofrerem de subnutrição aguda só na Cidade de Gaza. A porta-voz da agência, Tess Ingram, criticou a situação, afirmando ser “desumano esperar que quase meio milhão de crianças, feridas e traumatizadas por mais de 700 dias de conflito incessante, fujam de uma visão do inferno para outra”.

A chamada “zona humanitária” em Al-Mawasi, no sul, está sobrelotada e carece de infraestruturas básicas.

A situação levou o Egito a emitir um aviso contundente, com o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Badr Abdelatty, a declarar que a deslocação forçada dos palestinianos é uma “linha vermelha clara” e que o país “não tolerará uma segunda ‘Nakba’”. A OMS também expressou consternação com a ordem de evacuação, salientando que o sistema de saúde, já em colapso, não pode perder mais instalações, uma vez que quase metade dos hospitais em funcionamento se encontra na Cidade de Gaza.