O Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, emitiu um alerta contundente sobre o futuro do conflito israelo-palestiniano, afirmando que a viabilidade da solução de dois Estados está a deteriorar-se a um nível sem precedentes. As suas declarações refletem uma crescente preocupação internacional face à continuação da guerra em Gaza e à ausência de um horizonte político, num momento em que Israel enfrenta um isolamento diplomático cada vez maior. Guterres foi enfático ao defender o estatuto de Estado para os palestinianos como “um direito, não uma recompensa”, desafiando diretamente aqueles que se opõem a esta solução a apresentarem uma alternativa viável.
“Qual é a alternativa?
Um cenário de um Estado onde os palestinianos são privados de direitos básicos?
(...) Como é possível no século XXI?”, questionou, sublinhando que tal cenário apenas aprofundaria o “crescente isolamento de Israel no panorama global”.
A posição da ONU é partilhada por outros atores internacionais.
A União Europeia anunciou a criação de um “grupo de doadores para a Palestina” para garantir a viabilidade económica de um futuro Estado e um instrumento específico para a reconstrução de Gaza. A China também se juntou ao coro de apelos, pedindo um “cessar-fogo integral em Gaza”.
A conferência na ONU, no entanto, foi marcada pela ausência da delegação palestiniana, à qual foram negados vistos de entrada pelos Estados Unidos, uma decisão que Guterres lamentou com “desilusão”. Esta conjuntura demonstra uma clara divergência entre a posição dos EUA e a de grande parte da comunidade internacional, que vê na solução de dois Estados o único caminho para uma paz duradoura.
Em resumoA ONU, liderada por António Guterres, e vários atores internacionais estão a intensificar a pressão diplomática para a concretização da solução de dois Estados, considerando-a a única via para a paz. Este esforço contrasta com a ausência de um processo político e contribui para o crescente isolamento de Israel, enquanto a comunidade internacional planeia a reconstrução de Gaza e o apoio a um futuro Estado palestiniano.