Esta divisão, centrada no futuro da governação e na legitimidade da luta armada, representa um obstáculo fundamental para qualquer plano de paz ou de reconstrução pós-guerra. Numa declaração de grande alcance, o presidente da AP, Mahmoud Abbas, demarcou-se de forma inequívoca do Hamas. Abbas não só insistiu que “o Hamas não terá qualquer papel no governo” e que todas as fações “devem entregar as suas armas à Autoridade Palestiniana”, como também, pela primeira vez de forma tão explícita, condenou os atos do grupo a 7 de outubro de 2023. “Condenamos igualmente os assassinatos e a detenção de civis, incluindo os atos do Hamas”, afirmou.

Esta posição alinha a AP com as exigências da comunidade internacional para uma futura governação de Gaza, mas coloca-a em rota de colisão direta com o Hamas.

Em contraste, a liderança do Hamas continua a apelar à resistência armada.

Um dos seus dirigentes, Abdel Rahman Shadid, exortou a ala juvenil do movimento a prosseguir com as ações contra Israel na Cisjordânia, considerando as operações israelitas contra universidades palestinianas como uma “tentativa desesperada de conter a resistência”.

Esta dicotomia de visões — uma focada na construção de um Estado através de canais diplomáticos e institucionais sob a AP, e outra na continuação da luta armada liderada pelo Hamas — deixa o futuro da causa palestiniana numa encruzilhada.