O plano de paz proposto pelos Estados Unidos expôs uma aparente fratura dentro do Hamas, com a ala militar em Gaza a opor-se firmemente ao acordo, enquanto a liderança política no Qatar se mostra mais recetiva a negociações. Segundo a estação BBC, o líder da ala militar do Hamas em Gaza, Izz al-Din al-Haddad, comunicou aos mediadores a sua recusa do plano de 20 pontos de Donald Trump. Al-Haddad acredita que a proposta “foi elaborada para acabar com o Hamas, independentemente de o movimento islamita palestiniano o aceitar ou não, e que, por isso, está determinado a continuar a lutar”. Esta posição contrasta com a da liderança política baseada no Qatar, que, segundo os mesmos relatos, estaria “aberta a aceitar o plano com ajustes”.
No entanto, a influência desta fação é considerada limitada, uma vez que não tem controlo direto sobre os reféns detidos em Gaza, um elemento crucial para qualquer acordo.
A desconfiança geral em relação a Israel é outro fator unificador, especialmente após a “recente tentativa israelita de assassinar a liderança do Hamas em Doha num ataque aéreo no mês passado, contra a vontade dos EUA”.
Mohamed Nazzal, um dos líderes do Hamas, afirmou que o movimento “não aceita ameaças, ditames ou pressões” e que a resposta terá em conta os interesses dos palestinianos, demonstrando uma postura cautelosa e desafiadora perante a pressão internacional.
Em resumoA dissidência interna no Hamas, particularmente a oposição da sua poderosa ala militar, representa um obstáculo significativo a qualquer acordo de cessar-fogo, evidenciando que um consenso dentro do grupo palestiniano é tão crucial quanto um acordo com Israel.