O novo líder interino da Síria, Ahmad al-Sharaa, realizou uma visita histórica a Moscovo para se encontrar com o Presidente Vladimir Putin, numa tentativa de redefinir as relações bilaterais após a queda de Bashar al-Assad. A visita centrou-se em temas críticos como o pedido de extradição de al-Assad e o futuro das bases militares russas na Síria. A principal exigência da delegação síria foi a entrega de Bashar al-Assad e outros oficiais do antigo regime para serem julgados por crimes de guerra. Uma autoridade síria, sob anonimato, declarou que al-Sharaa iria "pedir ao presidente russo que entregue todos aqueles que cometeram crimes de guerra e estão na Rússia, principalmente [o ex-presidente] Bashar al-Assad". A Rússia, que concedeu asilo a Assad e à sua família por "razões humanitárias", enfrenta assim um dilema diplomático.
Para além da extradição, as conversações abordaram o futuro da presença militar russa na Síria, nomeadamente as bases naval de Tartus e aérea de Hmeimim, as únicas que Moscovo mantém fora do espaço ex-soviético. Putin sublinhou a intenção de estabelecer laços de trabalho com a nova liderança e garantir a manutenção da presença militar.
Por sua vez, al-Sharaa adotou uma postura pragmática, enfatizando a necessidade de redefinir as relações para que "a Síria possa desfrutar da sua independência e soberania".
A visita também incluiu discussões sobre cooperação económica e o reequipamento do exército sírio.
Em resumoA visita do novo líder sírio a Moscovo assinala uma mudança pragmática na política externa de Damasco, procurando simultaneamente justiça contra o antigo regime e a manutenção de laços estratégicos com a Rússia. O futuro das bases militares russas e a questão da extradição de Assad serão testes decisivos para a nova dinâmica de poder na região.