A agência denuncia a erosão do direito internacional e o desrespeito pela vida humana durante os dois anos de guerra.

Philippe Lazzarini, comissário-geral da UNRWA, descreveu a sua experiência em Gaza como a pior da sua carreira de três décadas, afirmando: “Nunca vi tamanho desprezo e descarada indiferença pelo valor da vida humana e tudo aconteceu à vista de todos”.

Segundo Lazzarini, o conflito teve um impacto “duradouro e traumático” e minou a relevância do direito internacional humanitário.

As estatísticas apresentadas são devastadoras: mais de 800 pessoas morreram em incidentes que afetaram 300 instalações da UNRWA, e cerca de 370 funcionários da agência foram mortos.

Com a aproximação do inverno, a situação agrava-se, havendo uma “corrida contra o tempo” para fornecer abrigo, alimentos e cuidados médicos a uma população deslocada e vulnerável.

Lazzarini argumentou que “todas as linhas vermelhas possíveis foram ultrapassadas”, alimentando uma crescente divisão entre o Sul e o Norte globais.

Para além da ajuda imediata, o representante da ONU defende a necessidade de uma mudança de liderança tanto em Israel como na Palestina e a revitalização da solução de dois Estados como o único caminho para uma paz sustentável, sublinhando que é “importante manter viva a aspiração de autodeterminação para os palestinianos”.