Este pedido representa um momento decisivo na transição política síria e um teste complexo para as relações diplomáticas com o Kremlin.

Durante a sua visita a Moscovo, o presidente interino sírio, Ahmad al-Sharaa, apresentou o pedido diretamente às autoridades russas. Um funcionário do governo sírio, sob anonimato, confirmou a intenção: “O presidente Shareh vai pedir ao presidente russo que entregue todos aqueles que cometeram crimes de guerra e estão na Rússia, principalmente [o ex-presidente] Bashar al-Assad”. Esta exigência de responsabilização já tinha sido manifestada por al-Sharaa, que afirmou que as novas autoridades sírias iriam “usar todos os meios legais disponíveis” para levar Assad a julgamento.

O pedido coloca a Rússia numa posição diplomática delicada.

Moscovo, que interveio militarmente em 2015 para salvar o regime de Assad, justificou a concessão de asilo por “razões humanitárias”. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, afirmou que Assad e a sua família “enfrentavam o risco de extermínio físico”. Agora, o Kremlin terá de ponderar entre proteger um antigo aliado e cultivar a sua nova relação pragmática com o governo que o substituiu, um dilema que irá testar os limites da sua política externa no Médio Oriente.