A deliberação do Tribunal Internacional de Justiça, que responsabiliza Israel por facilitar o acesso humanitário, coloca uma nova pressão sobre a comunidade internacional para garantir o cumprimento das obrigações legais.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, descreveu a situação como inalterada, afirmando que "o nível de fome e desnutrição em Gaza continua inabalável". Dados preliminares da ONU revelam que a média de ajuda que entrou no enclave entre 10 e 21 de outubro foi de 94 camiões por dia, um número muito aquém dos 600 camiões diários previstos no plano de paz de Donald Trump. A ONU e as suas ONG parceiras têm 190.000 toneladas de ajuda prontas para entrar em Gaza, mas a maior parte aguarda autorização israelita.

A este ritmo, a distribuição total demoraria mais de seis meses.

A questão ganhou uma dimensão jurídica com o parecer do Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), que determinou que Israel, como "potência ocupante", tem a obrigação de facilitar a entrega de ajuda.

Em resposta, a Noruega anunciou a intenção de apresentar uma resolução na ONU para garantir a implementação desta decisão.

O ministro dos Negócios Estrangeiros norueguês, Espen Barth Eide, sublinhou que "nenhum país pode colocar-se acima das suas obrigações perante o direito internacional".

As autoridades palestinianas, embora céticas quanto ao cumprimento por parte de Israel, instaram a comunidade internacional a agir.

A ajuda que consegue entrar é maioritariamente alimentar, mas uma parte significativa é intercetada por "pessoas famintas ou pela força por atores armados", agravando a crise.