O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) anunciou a retirada de todas as suas forças do território turco, um passo histórico que assinala uma potencial viragem num conflito de quatro décadas. Esta decisão, acolhida positivamente pelo governo turco, abre caminho para uma nova fase do processo de paz, focada em soluções políticas e legais. O anúncio da retirada das forças do PKK para as suas bases no norte do Iraque representa o culminar de um processo de paz iniciado em 2024. O grupo, considerado terrorista por Ancara, EUA e UE, respondeu a um apelo do seu líder histórico detido, Abdullah Ocalan, que já em maio tinha anunciado a dissolução do grupo e o fim da "luta armada".
O conflito, que começou em 1984, causou cerca de 50.000 mortos.
O porta-voz do partido no poder na Turquia, o AKP, Ömer Çelik, saudou a decisão como um "resultado concreto" dos esforços de paz.
O partido pró-curdo DEM declarou que "a primeira fase do processo está concluída" e apelou ao avanço para uma segunda fase, que envolva "passos jurídicos e políticos" por parte do parlamento turco. As exigências do PKK, que renunciou às aspirações separatistas em 2005, centram-se agora numa reforma constitucional que reconheça os direitos do povo curdo, permita a criação de partidos políticos curdos e ponha fim à marginalização socioeconómica. Analistas, como José Vericat do instituto Elcano, sugerem que um dos motivos para este avanço é o receio de Ancara de que Israel se alinhe com os curdos na Síria, especialmente após a queda do regime de Assad, tornando a resolução da questão curda uma "jogada de grande importância... no tabuleiro de xadrez do Médio Oriente".
Em resumoA decisão do PKK de retirar as suas forças da Turquia marca um ponto de viragem crucial no longo conflito curdo, sendo um passo fundamental no processo de paz. Acolhida pelo governo turco, a medida abre agora a porta a negociações políticas e legais para resolver as exigências de direitos e autonomia do povo curdo.