Relatórios da ONU e testemunhos no terreno pintam um quadro de pobreza, fome e perda de liberdades fundamentais, agravado por ações das autoridades que restringem o acesso a serviços essenciais. Um relatório conjunto do Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH) e da Missão da ONU no Afeganistão (UNAMA) denunciou que um apagão de telecomunicações de dois dias, em setembro, teve consequências devastadoras. Segundo o porta-voz Jeremy Laurence, a interrupção violou os direitos à liberdade de expressão e acesso à informação, e teve um impacto desproporcional sobre as mulheres. O corte da internet interrompeu o único meio de educação para meninas com mais de 12 anos, proibidas de frequentar a escola, e afetou o comércio 'online', uma forma que as mulheres utilizam para contornar as severas restrições de circulação.

Mais grave, o apagão dificultou o acesso a cuidados médicos, resultando em "mortes que poderiam ter sido evitadas".

Este incidente específico insere-se num contexto mais vasto de deterioração, descrito pelo fotógrafo Hashem Shakeri como um "buraco negro de ignorância, que consome toda a luz". As suas imagens documentam uma paisagem de "pobreza, desemprego e fome" e a perda de direitos e liberdades, especialmente para mulheres e grupos marginalizados, desde que os talibãs tomaram o poder em agosto de 2021.