As consequências do conflito direto entre o Irão e Israel, ocorrido em meados de 2024, continuam a desenrolar-se nos planos económico e diplomático. Enquanto companhias aéreas europeias retomam as suas operações para Teerão, sinalizando uma tentativa de normalização, o Irão mantém a pressão sobre interesses israelitas através de ações legais e da retenção de ativos marítimos. A Austrian Airlines e a Lufthansa, que haviam suspendido os seus voos para Teerão em junho durante a guerra de 12 dias, anunciaram a retoma das suas rotas. Esta decisão é particularmente significativa, pois estes serão os únicos voos diretos para a Europa, uma vez que a IranAir está sob sanções da União Europeia desde outubro de 2024.
A reabertura destas ligações aéreas representa um passo importante para a reintegração do Irão nas redes de transporte internacionais.
Em simultâneo, a tensão persiste noutras frentes.
O poder judicial iraniano anunciou que exige uma multa de cerca de 145 milhões de euros ao proprietário israelita do porta-contentores ‘MSC Aries’, de bandeira portuguesa, que foi apreendido pela Guarda Revolucionária em abril de 2024 no Estreito de Ormuz. O navio está ligado ao empresário Eyal Ofer, e Teerão acusa-o de “financiar o terrorismo”.
Este caso demonstra como o Irão continua a usar a sua posição estratégica no Estreito de Ormuz e os meios legais para exercer pressão económica e política sobre Israel, mantendo viva a hostilidade muito depois de os confrontos militares diretos terem cessado.
Em resumoO rescaldo do conflito Irão-Israel revela uma dualidade na gestão das tensões. Por um lado, há um movimento pragmático de normalização económica, como a retoma de voos europeus. Por outro, a confrontação continua através de meios assimétricos, como a apreensão de navios e a imposição de multas, indicando que a rivalidade estratégica entre as duas nações permanece ativa e multifacetada.