Relatórios da ONU e testemunhos visuais retratam um país mergulhado na pobreza, na incerteza e numa repressão que apaga as conquistas das últimas décadas. Um relatório conjunto do ACNUDH e da UNAMA ilustra o impacto desproporcional das políticas talibãs sobre as mulheres, usando como exemplo um apagão de telecomunicações de dois dias em setembro.

O corte da internet interrompeu o único meio que a população feminina tem para aceder à educação, proibida para raparigas com mais de 12 anos, e dificultou o comércio online, uma ferramenta essencial para contornar as restrições de circulação.

O apagão também comprometeu a segurança das mulheres, que não conseguiram contactar os seus ‘mashrams’ (familiares masculinos acompanhantes), e atrasou o acesso a cuidados de saúde, resultando em “mortes que poderiam ter sido evitadas”.

Esta crise sistémica é corroborada pelo projeto fotográfico “Staring into the Abyss”, que descreve o Afeganistão como um “buraco negro de ignorância” e documenta a “decadência lenta dos sonhos” no meio de uma pobreza, desemprego e fome generalizadas.

As imagens mostram como os direitos e liberdades de mulheres e grupos marginalizados foram subitamente apagados, deixando a população presa num limbo entre o passado e um futuro incerto.