O evento realçou o debate contínuo sobre o legado de Rabin e a oposição entre duas visões de lealdade: uma ao Estado e outra à identidade judaica. A sessão plenária especial no Knesset para assinalar o assassinato de Rabin em 1995 por um extremista de direita judeu, que se opunha aos Acordos de Oslo, decorreu sem a presença de Netanyahu, um crítico feroz desses acordos na altura.
A sua ausência foi simbólica das divisões que persistem.
O presidente do Knesset, Amir Ohana, reconheceu o caminho de Rabin para a paz, afirmando: “O teu sonho ainda não foi realizado, Yitzhak”.
Uma análise mais aprofundada sugere que a clivagem na sociedade israelita não é simplesmente entre progressistas e conservadores, mas sim entre duas conceções de lealdade.
Por um lado, o centro-esquerda sionista defende a *Mamlakhtiyut*, uma lealdade suprema ao Estado e às suas instituições, como o exército e o Supremo Tribunal. Por outro, a direita e a extrema-direita priorizam a identidade judaica, por vezes em detrimento das próprias instituições estatais, que acusam de estarem submetidas a uma ideologia de esquerda. Esta divisão explica por que razão o centro-esquerda se mobiliza massivamente para defender o sistema judicial, mas permanece em grande parte silencioso perante a opressão dos palestinianos ou a adoção de leis que consagram a supremacia étnica, pois a sua principal preocupação é a preservação da imagem e integridade do Estado.












