A escalada de tensão na fronteira israelo-libanesa atinge um ponto crítico com o anúncio de novos ataques por parte de Israel, ao mesmo tempo que decorrem inéditas conversações diretas entre responsáveis civis dos dois países. O anúncio de Israel de que irá "atacar em breve infraestruturas terroristas do Hezbollah em todo o sul do Líbano", acompanhado de avisos de evacuação para civis, sinaliza uma potencial e significativa escalada militar. Esta postura bélica contrasta de forma acentuada com os encontros diretos em curso entre responsáveis civis israelitas e libaneses, os primeiros em mais de 40 anos, destinados a supervisionar o cessar-fogo de um ano. O primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam, procurou gerir as expectativas, esclarecendo que não se trata de negociações "políticas" de paz, mas sim de discussões focadas em alcançar "a cessação das hostilidades, a retirada total israelita" e a libertação de reféns, sublinhando o compromisso do Líbano com a iniciativa de paz árabe de 2002.
Em contrapartida, Israel, através da sua porta-voz, Shosh Bedrosian, enquadrou o encontro como "uma tentativa inicial de estabelecer as bases para uma relação bilateral e para a cooperação económica", classificando-o como um "avanço histórico".
Um ponto central de discórdia continua a ser o desarmamento do Hezbollah, que Israel considera "essencial". A situação é ainda mais complexificada pela queixa do Líbano na ONU sobre os muros construídos por Israel no seu território e pela afirmação do primeiro-ministro libanês de que a dissuasão do Hezbollah falhou em prevenir a agressão israelita.
O envolvimento dos EUA, com a enviada Ortagus a reunir-se com Netanyahu, realça a dimensão internacional desta frágil conjuntura.
Em resumoIsrael ameaça novos ataques contra o Hezbollah enquanto participa em conversações diretas históricas com o Líbano, que por sua vez procura a retirada israelita. Os principais desacordos, em particular o desarmamento do Hezbollah e as posições israelitas no sul do Líbano, persistem, criando uma mistura volátil de escalada militar e diplomacia frágil.