A fronteira entre Israel e o Líbano é palco de uma escalada de tensão, com o exército israelita a anunciar ataques iminentes a infraestruturas do Hezbollah, ao mesmo tempo que decorrem as primeiras conversações diretas entre responsáveis civis dos dois países em mais de 40 anos. Esta situação reflete a complexa dinâmica de um cessar-fogo frágil e a persistência de um estado técnico de guerra. O exército israelita emitiu uma “mensagem urgente” em árabe, anunciando que iria “atacar em breve infraestruturas terroristas do Hezbollah em todo o sul do Líbano” e apelou aos habitantes de duas aldeias para se afastarem de edifícios específicos.
Esta ameaça surge num momento de rara diplomacia.
Responsáveis civis libaneses e israelitas encontraram-se no âmbito do organismo de supervisão do cessar-fogo, um evento descrito por Israel como um “avanço histórico” e uma “tentativa inicial de estabelecer as bases para uma relação bilateral”.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sugeriu que estas reuniões poderiam levar a uma cooperação económica.
No entanto, o seu homólogo libanês, Nawaf Salam, refutou esta interpretação, frisando que as reuniões não constituem negociações “políticas” de paz e que o Líbano continua vinculado à iniciativa árabe de paz de 2002.
Para Beirute, o objetivo é alcançar “a cessação das hostilidades, a retirada total israelita” do território libanês e a libertação de reféns.
Israel, por seu lado, insiste que o desarmamento do Hezbollah é “essencial” e mantém cinco posições militares no sul do Líbano, uma violação do acordo de cessar-fogo, segundo as autoridades libanesas.
Em resumoA fronteira israelo-libanesa vive uma perigosa dualidade, com ameaças militares a coexistirem com um diálogo diplomático sem precedentes em décadas. Apesar do contacto direto, as visões opostas de Israel e do Líbano sobre a natureza das conversações e as condições para a paz, nomeadamente o desarmamento do Hezbollah e a retirada israelita, mantêm a região à beira de um novo conflito.