Esta dualidade expõe a complexidade da posição do grupo, entre a negociação política e o controlo do território.

O líder do Hamas em Gaza, Khalil al-Hayya, afirmou que o movimento aceitaria uma força da ONU para supervisionar um cessar-fogo, mas rejeitou qualquer missão para o desarmar, sublinhando que a entrega de armas só ocorreria com a criação de um Estado palestiniano soberano e independente. Esta posição é relevante no contexto do plano de paz proposto pelos EUA, que prevê o desarmamento do Hamas na sua segunda fase.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, apoiou uma abordagem faseada, declarando que “o desarmamento não pode ser a primeira medida”.

Paralelamente, documentos internos do Hamas, desclassificados por Israel e analisados pelo portal Euractiv, revelam um sistema de vigilância e controlo sobre ONG internacionais que operavam em Gaza.

O movimento exigia a nomeação de “garantes” locais, muitos deles identificados como afiliados ao Hamas, para aprovar e fiscalizar projetos. Os documentos indicam que o Hamas tinha conhecimento detalhado do funcionamento interno destas organizações e, em alguns casos, manipulou projetos humanitários para fins militares, como o uso de pomares irrigados pela Oxfam para “cobertura para atividades de resistência” numa área fronteiriça.