A crise é descrita como “inteiramente provocada pelo Homem” e atinge níveis sem precedentes, com mulheres e crianças a serem as mais vulneráveis.

Uma comissão da ONU acusou Israel de cometer um genocídio com a “intenção de destruir” a população palestiniana, enquanto outro painel de peritos declarou uma situação de fome no norte do território. A UNICEF revelou dados alarmantes: 38% das mulheres grávidas sofrem de desnutrição, o que levou a que o número de bebés com baixo peso duplicasse. Estes bebés têm 20 vezes mais probabilidades de morrer, numa altura em que os hospitais estão debilitados.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou que 900 pessoas morreram enquanto aguardavam por uma evacuação médica que nunca chegou, e mais de 16.500, incluindo 4.000 crianças, continuam à espera.

A enfermeira Ruth Conde, dos MSF, descreveu a situação como um cenário de “decisões impossíveis, como escolher a que bebé vamos colocar um ventilador mecânico”. A destruição de mais de 80% dos edifícios torna a vida e as operações de resgate quase impossíveis, com milhares de corpos ainda sob os escombros. A entrega de ajuda humanitária é dificultada não só pela destruição, mas também pelas restrições israelitas, que bloqueiam itens essenciais como geradores ou cadeiras de rodas por suspeita de duplo uso.

As agências no terreno afirmam que a trégua é insuficiente, pois um cessar-fogo real implicaria acesso a cuidados médicos, habitação e alimentos, o que não se verifica.