A comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, delineia um complexo plano para a governação de Gaza no pós-guerra, mas a sua implementação enfrenta a oposição de atores regionais e divergências sobre questões cruciais como o desarmamento do Hamas. A proposta do presidente Donald Trump prevê um governo tecnocrata e uma força de estabilização internacional, com o objetivo de anunciar a sua composição antes do Natal. O plano norte-americano para a segunda fase do cessar-fogo contempla a formação de um governo tecnocrático em Gaza, composto por 12 a 15 palestinianos com experiência em gestão e sem afiliação ao Hamas ou à Fatah. Este governo seria supervisionado por um “Conselho de Paz” presidido por Trump e composto por líderes de países árabes e ocidentais.
Um órgão executivo incluiria figuras como o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair e os conselheiros da Casa Branca, Steve Witkoff e Jared Kushner.
No entanto, a nomeação de Blair para um cargo de liderança foi vetada por vários governos árabes e muçulmanos, que o consideram uma figura controversa devido ao seu apoio à invasão do Iraque em 2003. O plano prevê ainda o envio de uma Força Internacional de Estabilização (FIE), com possíveis contribuições da Indonésia, Azerbaijão, Egito e Turquia.
Outro ponto de discórdia é o desarmamento do Hamas.
Enquanto o plano dos EUA o prevê na segunda fase, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, afirmou que “o desarmamento não pode ser a primeira medida”. Por outro lado, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, já fala numa terceira fase focada na “desradicalização de Gaza”, comparando-a ao processo na Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial.
Em resumoEmbora esteja a tomar forma um plano liderado pelos EUA para a administração de Gaza no pós-guerra, o seu sucesso é incerto. A oposição a figuras-chave como Tony Blair, juntamente com profundas divergências sobre a sequência de ações, como o desarmamento do Hamas, e as diferentes visões das partes envolvidas, constituem sérios obstáculos à sua implementação.