Esta iniciativa representa um passo estratégico para a soberania monetária europeia na era digital, embora enfrente desafios significativos de adoção por parte dos cidadãos.

O projeto do euro digital entrou numa nova fase, com o BCE a preparar o terreno para uma possível primeira emissão em 2029, dependendo da aprovação da legislação necessária pelo Parlamento Europeu.

O objetivo não é substituir as notas, mas sim complementá-las, oferecendo um meio de pagamento público, eletrónico, seguro e gratuito em toda a zona euro.

Os custos de desenvolvimento estão estimados em 1,3 mil milhões de euros até 2029, com custos operacionais anuais de aproximadamente 320 milhões de euros a partir dessa data.

A iniciativa foi saudada pelo comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, que a considerou uma "oportunidade estratégica".

Contudo, um estudo realizado pela SDA Bocconi em colaboração com a Revolut, que auscultou mais de 17 mil europeus, sugere que o modelo atual do BCE pode ser "irrelevante" para os consumidores. A investigação revelou que os cidadãos demonstram preferência por modelos alternativos, como um "Dinheiro Digital" gerido inteiramente pelo BCE sem intermediários privados, ou um "Euro Token" baseado numa blockchain pública.

Segundo Stefano Caselli, Dean da SDA Bocconi, "a nossa investigação mostra que o modelo atual do BCE pode ser melhorado para ser mais relevante para os consumidores". O estudo conclui que a utilidade e a compatibilidade com as práticas existentes são os fatores mais cruciais para a adoção, sublinhando que o sucesso do euro digital dependerá do valor percecionado pelos cidadãos e não apenas da sua robustez técnica.