Esta abordagem visa reforçar o controlo monetário de Pequim e posicionar a sua moeda digital no sistema financeiro global.

O governo chinês está a executar uma estratégia de duas vias no cenário das moedas digitais.

Por um lado, acelera a expansão internacional da sua moeda digital de banco central (CBDC), o yuan digital. Um passo crucial foi o lançamento oficial de um centro de operações internacionais para o renminbi digital em Xangai, com o objetivo de "promover a internacionalização da moeda digital e o desenvolvimento de serviços do mercado financeiro", conforme anunciado pelo Banco Popular da China. Este centro já revelou plataformas dedicadas a pagamentos transfronteiriços, serviços blockchain e ativos digitais, sendo visto por especialistas como um esforço para "aumentar a influência da China no sistema financeiro global".

Em forte contraste, Pequim está a pressionar Hong Kong para reverter a sua postura mais aberta em relação aos criptoativos.

O interesse crescente de gigantes tecnológicas chinesas em utilizar a região como plataforma de lançamento para as suas próprias moedas digitais, nomeadamente "stablecoins", foi interpretado por Pequim como uma ameaça direta ao seu projeto de yuan digital. A preocupação é que a proliferação de moedas digitais privadas possa minar o controlo monetário do Estado e a adoção da sua CBDC.

Esta repressão em Hong Kong, aliada à promoção ativa do yuan digital a nível global, sinaliza uma clara intenção de consolidar o poder monetário estatal e de competir no futuro sistema financeiro digital sob as suas próprias regras.